quarta-feira, 1 de julho de 2015

Brasileiros não são consumidores conscientes

Estudo do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, divulgado hoje, mostra que em cada dez brasileiros apenas dois são consumidores conscientes. Outro dado importante apontado na pesquisa é que a participação dos jovens, com idade até 29 anos, é menor do que a média geral

Numa escala de 1 a 10, os entrevistados dão nota média de 8,8 para a importância do tema consumo consciente. O estudo divide os consumidores em três categorias: conscientes - que apresentam frequência de atitudes corretas acima de 80% - em transição, cuja frequência varia entre 60% e 80% de atitudes adequadas e nada ou pouco conscientes, quando a incidência de comportamentos apropriados não atinge 60%. Na média, o brasileiro é um consumidor em transição.

As perguntas feitas aos consumidores englobam as dimensões que compõem o conceito de consumo consciente: ambientais, financeiras e sociais. Para as ações relacionadas à responsabilidade ambiental do consumidor, o indicador atingiu 71,7% de atitudes adequadas, enquanto as práticas financeiras e de engajamento social, foram 68,0% e 68,1% de ações corretas, respectivamente.

"O objetivo do Indicador de Consumo Consciente é acompanhar as mudanças nos hábitos de compra e outras ações cotidianas dos brasileiros a fim de compreender se estamos caminhando em direção a uma sociedade capaz de promover e estimular práticas mais equilibradas nas relações de consumo", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. 

Metade ignora a idoneidade das empresas
A atitude ambiental adequada mais seguida pelos consumidores é a possiblidade de reutilização ou troca: 83,5% garantem que antes de jogar fora um produto que não querem mais, procuram doá-lo ou trocá-lo.

Já entre as ações menos adotadas, do ponto de vista da sustentabilidade, está a reciclagem do lixo: apenas um pouco mais que a metade (53,2%) dos consumidores ouvidos separa o lixo doméstico para a coleta seletiva. Também é significativamente menor a parcela dos que atentam para aspectos que envolvem a idoneidade da empresa: cinco em cada dez (50,7%) brasileiros disseram analisar as práticas adotadas pela empresa em relação ao meio ambiente ou à sociedade antes de fazer uma compra.

Uso racional da água e energia
Em média, 74% dos entrevistados realizam as atividades consideradas adequadas para o uso racional da água, sendo que a ação mais difundida é a de fechar a torneira enquanto escova os dentes (90,4%). Outra ação comum é a de não lavar a casa ou a calçada com mangueira (88,3%). No entanto, o desempenho é pior no momento do banho e na hora de lavar roupas: 68,0% dizem fechar a torneira enquanto ensaboam o corpo e apenas 37,6% afirmam usar a máquina de lavar na capacidade máxima.

Em relação ao uso da energia elétrica, em média, 76% dos entrevistados colocam em prática as ações consideradas adequadas. O hábito mais comum é o de apagar as luzes de ambientes que não estão sendo utilizados (97,1%). Já os comportamentos menos adotados são o de compartilhar o uso da TV entre os moradores da casa para economizar energia (60,6%) e o de retirar das tomadas os aparelhos elétricos quando não são utilizados (51,9%).

Brasileiros não recusam produtos piratas
Pouco mais da metade dos entrevistados (50,6%) alegaram não comprar produtos piratas, ou seja, quase metade dos brasileiros compra produtos piratas.

Jovens pouco conscientes
O percentual de atitudes corretas, que é de 69,3% para a população em geral, sobe para 74,2% entre os entrevistados com idade acima dos 56 anos e cai para 64,5% entre o universo de consumidores com idade que vai de 18 a 29 anos. 

Pior. A maior concentração de entrevistados na categoria dos 'nada ou pouco conscientes', está na faixa de 18 a 29 anos: 46,3% contra 31,2% do total da população.

A importância da questão financeira
Quando indagados sobre as vantagens de adotar atitudes responsáveis em relação ao consumo, a questão financeira ganha importância. A maior parte destaca o fato de economizar (35,5%), seguido por outras respostas mais ligadas ao bem comum como a sensação pessoal de dever cumprido com a sociedade (30,1%) e a satisfação ao praticar algo positivo para o futuro (18,6%). O cuidado com a preservação do meio ambiente foi citado por apenas 5,8% dos entrevistados.

"Apesar dos consumidores reconhecerem a importância do consumo responsável, a maioria não vê as práticas sustentáveis de consumo como prioridade em seu dia a dia, e ainda predomina a percepção de que os aspectos financeiros são mais importantes, ficando em segundo plano as implicações ambientais e sociais", afirma o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli.

Falta de tempo para atitudes conscientes
Parece ironia, mas muitos responderam que não agem de modo consciente por falta de tempo (26,5%), principalmente entre os homens (30,3%) e os mais jovens (36,7%). Logo depois vem a distração ou esquecimento (25,4%), que também é mais frequente entre a parcela masculina de entrevistados (29,9%) e pessoas mais jovens (34%).


Metodologia
O indicador de Consumo Consciente (ICC) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) tem como objetivo medir os conhecimentos e níveis de práticas de consumo consciente pelo brasileiro em três esferas: financeira, ambiental e social. Para isso, foram entrevistados 605 consumidores nas 27 capitais, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de no máximo 4,00 pp com margem de confiança de 95%.

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