sábado, 7 de setembro de 2019

Porque é importante incluir o sal na alimentação diária


Por Conceição Trucom*

Aposto que você também achou que o sal só fazia mal para sua saúde. Certo? Não é bem assim. A cientista Conceição Trucom explica que o "bom" sal é necessário para todos nós.  Leia no artigo abaixo.

Contrariando uma corrente que indica abolir o sal da alimentação, levando em conta apenas os malefícios do produto industrializado, a cientista Conceição Trucom destaca o quanto o sal é importante na alimentação humana, pois garante a manutenção da saúde do sistema locomotor e neurológico.

O sal, na verdade os sais, presentes no leite materno e nos alimentos de origem vegetal e no sal marinho (líquido amniótico da terra), pela sua abundância de minerais, entre eles os sais de sódio, é responsável inicialmente por garantir o desenvolvimento de uma boa estrutura óssea e muscular. Portanto, o sal para alimentação humana deve ser de origem marinha, mas fresco e o mais integral possível, ou seja, polimineral.

Sais de rocha – sais milenares – apesar de sua origem marinha, passaram por muitas lixiviações (chuvas e degelos) e por contaminações com os solos onde estiveram em sedimentação e compactação ao longo dos séculos.

Todo sal – cloreto de sódio – é oriundo do mar, portanto marinho. Pode ser fresco, ou seja, recém produzido em salinas e tanques especiais de evaporação, e pode ser de rocha, secular ou milenar, compactado em mantos, ao longo das mudanças climáticas e geológicas do planeta.

O sal marinho refinado, também conhecido como sal de mesa, é um produto ‘refinado’, portanto concentrado em NaCl e pobre dos outros minerais, como se espera de um sal integral, também conhecido como artesanal; este sim adequado ao consumo humano.

No Brasil 92% do sal refinado é utilizado para atender as demandas de produção das indústrias química, farmacêutica, alimentícia (junk food) e agropecuária e apenas 8% é destinado ao consumo humano, aquele que consumimos em casa, portanto o foco comercial é a indústria.  Com um mercado de 8% da produção nacional, praticamente não existe interesse comercial, em produzir e comercializar o sal integral ideal para consumo humano, que certamente precisa ter um custo diferenciado já que artesanal. Investir em conscientizar e produzir para um mercado de 8% não teve, até agora, maiores interessados.

Na verdade, pessoas de todas as idades deveriam consumir um sal integral de qualidade especial para consumo humano. As crianças em amamentação exclusiva não precisam porque suas necessidades minerais já se encontram presentes no leite humano (mães que amamentam atenção ao sal que consomem). Porém, uma vez que saem da amamentação exclusiva, os bebês já precisam começar com pequenas doses, já que ao serem submetidas a uma alimentação mais baseada em plantas, mais ricas em minerais, suas necessidades de consumo de sal será baixa. Como o sal integral é fundamental para o desenvolvimento e manutenção da saúde do sistema locomotor e neurológico, todas as crianças, adolescentes, adultos, incluindo os da terceira idade, precisam atentar sobre a escolha de um sal integral para seu consumo diário. Lembrando de que não se trata de quantidade, mas de qualidade e frequência.

Existem casos de hipertensão – cerca de 10% da população brasileira - que realmente apresentam quadros piorados pelo consumo excessivo do sódio. Mas trata-se de um protocolo que envolve outras condutas que vão além da restrição do sódio, como por exemplo, revisão dos hábitos alimentares, priorizando uma alimentação mais baseada em plantas, menos industrializados, refinados e proteínas de origem animal. Contudo, para 90% dos diagnosticados como hipertensos, a restrição do sódio não altera o quadro. O que se deve fazer é recomendar o consumo de um sal de qualidade, mais integral, polimineral e de produção artesanal, isento de refinos (como a elevada concentração de NaCl que é o caso dos ditos sais de mesa) e aditivações como branqueadores, antiumectantes, entre outros.

Precisamos da interferência dos governantes com subsídios aos sais para consumo humano e assim termos uma produção diferenciada daquela que atende mais de 90% da produção nacional, ou seja, aquela que atende às indústrias químicas, farmacêuticas, alimentícia e agropecuária, com qualidades bastante distintas das que se demanda para o consumo humano.

Vale destacar que nos países onde não existem condições necessárias para a produção do sal fresco, artesanal e integral - que precisa de águas oceânicas limpas, dias seguidos de elevadas temperaturas e ventos para a rápida evaporação e obtenção do sal -, esta consciência sobre o sal adequado para alimentação humana já está instalada há mais de 50 anos. Neles, o sal de rocha para consumo humano entrou em declínio e ganhou importância o consumo de sais integrais e artesanais.

A Anvisa obriga que no sal seja adicionado iodo. É uma decisão mundial de suplementar iodo para a população por meio de um ‘alimento’ de consumo diário. Contudo, essa história tem muitos vieses, porque existe uma crise do iodo no mundo, quando temos solos e alimentos pobres deste elemento, e riqueza de agentes poluidores contendo seus tóxicos halogênios (da mesma família na tabela periódica): flúor, cloro, bromo e astatínio. Portanto, há excesso de imitadores tóxicos do iodo, e insuficiente suprimento de iodo para o organismo humano, que cumpre imprescindível papel para a saúde mental e metabólica. Desta forma, existe uma crise do iodo, uma deficiência subclínica de iodo, com problemas por eclodir de bócio, cretinismo, câncer de pele e de mama, entre outros.

O iodo é fundamental para o pleno funcionamento de glândulas (entre elas a tireoide e as mamárias) e do sistema cutâneo, aliás, é bem longa a lista de importância do iodo para a saúde humana. Com a chegada dos agentes antichamas (percloratos), dos aditivos da panificação (bromatos), leis que obrigam a fluoretação das águas de abastecimento das cidades, e os acidentes nucleares liberando iodo radioativo (hiper tóxico) no ar, terra e águas; é de responsabilidade pública alertar, realizar mais estudos e criar mais condições da população ter acesso a fontes seguras de suprimento de iodo. E isso vai muito além da suplementação do sal para consumo alimentar.

Sal da Vida
Convido todos a conhecerem o meu livro Sal da Vida, que fala de muitos dos vários aspectos que envolvem o consumo deste super alimento que é o sal, mas que no Brasil, 50 anos atrasado, existe absoluta displicência sobre o sal ideal para consumo humano.

 

*Conceição Trucom
Bacharel em Química pela UFRJ, atuou por 24 anos na área científica, em projetos nas áreas de química orgânica, inorgânica e bioquímica. Empresária, atuou como Diretora de P&D da Bentonita Vulgel Ltda e da Chemetch Consultoria Ltda. Busca, desde 1995, ensinamentos e práticas que tragam mais consciência e qualidade de vida. Nesse processo, especializou-se nas seguintes áreas: alimentação e medicina ayurvédica, medicina tradicional chinesa, macrobiótica, vegetarianismo e veganismo, alimentação viva e crudívora, fitoterapia, aromaterapia, meditação e estudos da mente.

Ministra palestras, cursos, workshops e participa de eventos e programas relacionados à saúde e alimentação saudável em todo o Brasil, sempre desenvolvendo trabalhos com foco na alimentação consciente, desintoxicante e vegetariana, previlegiando alimentos de curta distância (locavorismo), instrumentos básicos para garantir saúde, produtividade, qualidade de seres vivos, meio ambiente e planeta. É a criadora do Portal Doce Limão - www.docelimao.com.br |  @conceicaotrucom

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